terça-feira, 7 de outubro de 2008

O primeiro dia

" O que o acordou foi o silêncio. Primeiro, o do despertador que não tocou à hora combinada todas as manhãs. Depois, o de outra respiração, que devia ouvir e não ouvia. Estendeu a mão para o quente do outro lado da cama e encontrou o frio. Apalpou e encontrou vazio. Então, sim, despertou completamente.

Um prenúncio de tragédia desceu por ele abaixo, como um arrepio. O que acabara de se lembrar era que não acordara só por acaso ou por acidente: aquele era o primeiro dia, a primeira manhã da sua separação — o primeiro de quantos dias? — em que acordaria sempre sozinho, com metade da cama fria, metade do ar por respirar. "

Miguel Sousa Tavares

Está giro.Vale a pena ler mais um bocadinho em: http://www.releituras.com/mstavares_menu.asp

Texto extraído do livro “Não te deixarei morrer, David Crockett"

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